Como está o primeiro paciente da Neuralink após 6 meses?
Em janeiro de 2024, Noland Arbaugh, um americano de 30 anos, tornou-se o primeiro paciente a ser submetido a uma cirurgia de implante de chip cerebral da Neuralink, a empresa de tecnologia de Elon Musk. O caso chamou a atenção não apenas pelo envolvimento de Musk, mas também por se tratar de uma inovação tecnológica promissora, apoiada por anos de pesquisa científica. Seis meses após o procedimento, surgem diversas perguntas sobre como está a vida de Noland e o impacto que a tecnologia teve em sua rotina.
O início do tratamento e as expectativas
Embora Noland não tenha sido o primeiro ser humano a receber um chip no cérebro, seu caso foi amplamente divulgado por envolver uma empresa de alto perfil como a Neuralink. O procedimento em si foi realizado com grande precisão e tecnologia de ponta, somando avanços que outras pesquisas anteriores haviam alcançado.
No entanto, logo após o implante, surgiram complicações. Cerca de 85% dos fios implantados se soltaram do cérebro de Noland, o que poderia ter exigido uma segunda cirurgia. Contudo, a Neuralink adaptou seu programa e, felizmente, não foi necessário realizar um novo procedimento invasivo. Desde então, os resultados têm sido promissores, e o chip segue funcionando bem.
Como Noland se sente seis meses depois?
Uma das perguntas mais comuns sobre essa tecnologia é: o que Noland sente? A resposta, de acordo com ele, é surpreendentemente simples: “Eu não sinto nada.” Em entrevista ao Scientific American, Noland explicou que, se tivesse perdido a memória e alguém lhe dissesse que um chip havia sido implantado em seu cérebro, ele provavelmente não acreditaria. Ele só percebe a presença do chip quando alguém toca na área do implante ou, claro, quando usa a tecnologia para controlar o computador.
O chip tem proporcionado uma autonomia significativa para Noland, que antes da cirurgia dependia de comandos de voz ou de um bastão bucal para interagir com dispositivos, devido à sua tetraplegia, resultante de um acidente de natação em 2016. Agora, ele consegue mover o cursor do computador simplesmente com o “poder da mente”, o que representa uma enorme melhoria em sua qualidade de vida.
O uso diário do chip
Noland tem utilizado o chip por cerca de 8 a 10 horas diárias. Durante esse tempo, ele participa de testes conduzidos pela Neuralink, mas também usa o dispositivo para atividades cotidianas, como navegar na internet, interagir nas redes sociais e até jogar videogame. Entre seus jogos favoritos está Civilization VI, um jogo de estratégia que requer raciocínio e paciência, o que o torna adequado para quem precisa de movimentos mais lentos e controlados.
Para controlar o cursor no computador, Noland explicou que existem duas maneiras de fazê-lo. Ele pode tentar movimentar o braço paralisado, embora o músculo não responda, ou pode olhar para o cursor e imaginar o local onde ele deseja que ele se mova. Surpreendentemente, Noland afirmou que essa operação mental é intuitiva e fácil de aprender, tendo dominado a técnica em apenas uma semana.
Uma das poucas dificuldades que ele encontra é o fato de o chip precisar ser recarregado periodicamente. Para isso, ele utiliza um “chapéu carregador”, mas, segundo ele, esse processo não causa grande desconforto.
O futuro da Neuralink e os próximos passos

O projeto da Neuralink com Noland Arbaugh tem uma duração prevista de aproximadamente seis anos. Durante esse período, Noland continuará a contribuir com a pesquisa, testando novas funcionalidades do chip e ajudando a aprimorar a tecnologia para futuros pacientes. Mesmo que seu sonho de voltar a andar não se realize, ele se mostrou em paz com o seu papel no avanço dessa inovação. Em sua entrevista, Noland expressou que tem uma missão clara: melhorar a tecnologia para beneficiar outras pessoas no futuro.
A Neuralink, por sua vez, está expandindo seus testes e já está à procura de um segundo paciente para prosseguir com as pesquisas. A empresa obteve aprovação das autoridades de saúde dos Estados Unidos para avançar com esses testes em humanos.
Considerações finais
O caso de Noland Arbaugh é uma importante etapa no desenvolvimento da tecnologia de chips cerebrais. Embora ainda esteja longe de oferecer soluções para todos os tipos de lesões ou deficiências, o implante já proporcionou avanços significativos em termos de autonomia e qualidade de vida para pessoas com condições semelhantes à dele. Se o projeto continuar a evoluir, a Neuralink pode se tornar um divisor de águas na medicina e na neurotecnologia.
Por enquanto, Noland segue sua rotina, explorando o mundo digital com mais liberdade e até vencendo partidas de Civilization. E quem sabe, em um futuro não tão distante, o que a tecnologia poderá oferecer a ele e a outros pacientes?
A entrevista completa com Noland foi realizada pelo Scientific American, e ela mostra não apenas os avanços da tecnologia, mas também o impacto humano de inovações que podem mudar a vida de muitas pessoas.
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